"...no desalinho triste das minhas emoções confusas..."






25/03/2013

Apreensiva, mas com curiosidade transbordando, atravessou o jardim. Estava bem na frente da porta: existia uma distância mínima entre seu suor e sua ansiedade. Paralisou, hesitada; (mas o mistério era grande, não ousaria recuar). Seria agora, seria naquele segundo que pensava, naquele momento que fazia força com seu corpo para manter-se em pé: se aproximou cuidadosa, como quem procura um grão de arroz numa balde de areia. Posicionou-se na ponta dos pés e apoiou os braços trêmulos na madeira azul descascada. Respirou fundo, fechando o olho esquerdo para melhor observar o que veria. Suspirou profundo e num ato inventado de coragem pousou seu olho direito no buraco da maçaneta.
- Filha, o jantar está na mesa! - a mãe gritou e um ecoado baixo passou pelo tímpano da garota, que com coração na boca saiu correndo para sua casa, sem ter se revelado o grande mistério.
Naquela noite, a garota dormiu com um frio cortante na barriga.

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