Seu nome era João
Não, caros senhores, João não entornava
"Desce mais um!", João descia
Descia e ouvia as confusões que cada cliente cuspia
E ria, e se esbaldava
"Triste", ele pensava
"Mas felizes", repensava
"Ou será que não?", concluía.
Primeira hora do dia, João fechava as portas e partia;
Sua casa humilde ele via, um sorriso se acendia
Girava a chave, um cacarejo ouvia
E respirava pela primeira vez no dia.
João gostava de amoras roxas e ipês amarelos,
Gostava de primavera e do som de goteira na laje;
Sambava com a noite e se deitava com o dia.
João era Ninguém
Mas as amoras sabiam dele,
Os ipês sabiam dele,
As goteiras sabiam dele,
E os boêmios o admiravam.
(06/11/12, em constante mutação)
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