"...no desalinho triste das minhas emoções confusas..."






12/12/2013

O Cachorro

E tinha esse cachorro no parque que me instigava o mistério.
Ele era preto e esbranquiçado pelo tempo.
O rabo, arrebitado.
Olhos morenos, mais escuros que claros.
Não era magro, mas não era de aparência saudável.
E ele me instigava o mistério, mas eu não sabia a razão.
Sempre ás onze horas, nas calorosas manhãs de Terças e Domingos, eu pousava a fim de desvendá-lo.
Fosse encanto ou repulsa, o fitava como se sua presença me coçasse o corpo todo.
Ele não era querido na hostil civilização-civilizada.
Os pais alertavam os filhos para que não encostassem no "sarnento".
Os mendigos competiam pelas migalhas e os pássaros corriam para seus fortes.
E eu, o observava.

Foi no começo da Primavera que desvendei a maravilhosa incompreensão.
A jabuticabeira deu frutos.
E tinha esse cachorro no parque que se parecia comigo quando se esticava todo para pegar as jabuticabas do tronco.

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