"...no desalinho triste das minhas emoções confusas..."






12/06/2018

21 anos e 10 meses e 28 dias. é muito drama.




parece que já tem vinte e um anos e dez meses e 28 dias que existem algumas borboletas afogadas dentro de mim. descobri que coletivo de borboletas se chama panapaná. parece panamá (pra ter força no pulmão que é pra eu me escutar). daqui três dias meu inferno astral começa e eu já nem sei mais se eu acredito em inferno astral. parece carnaval, mas é um carnaval sem cachaça e sem fantasia. não; parece quarta-feira de cinzas. o dia da ressaca. e daqui cinco dias, copa, e daqui uns meses, eleições. caralho! tudo bem, vamos lá, respira. daqui dez dias, férias. que bom, cansaço, né? vou viajar, dar um rolê, só pra variar. pés, para onde vamos? queria ver o mar, azulzinho todinho. tomar um colorido e boiar por algumas horas. será que iemanjá me levaria? me leva, me lava! recicla essas borboletas loucas aqui, mamá, por favor. ou me ajuda a enxergá-las. parece as vezes que nasci já sem uma parte de mim, e parece essa parte estar por aí em algum lugar, queria achar. será que essa parte tá dividida em 7 bilhões, também? porra, sete bilhões é muita coisa. sei lá se isso é bom, "sei lá cadê" parte de mim. as vezes eu penso também que essa parte de mim que saiu sem me avisar foi espalhada por aí pra eu ter coragem pra explorar, pra sair da toca, pra sair desse marasmo tosco da negação do ócio (palavra 'negócio' é um baita palavrão). a mais provável das hipóteses é de que tudo bem faltar uma parte de mim, porque sê grande e sê inteira independe disso. mas e se, afinal de contas, essa parte de mim que saiu sem me avisar, foram minhas asas? vou ter que me virar com minhas nadadeiras e desenhar umas guelras a mais (a ansiedade de viver as vezes me tira um pouco o ar). vai dar um trabalhão. mas vinte e um anos e dez meses e 28 dias já foi um baita de um caminho andado. é muito amor dentro de mim. muita dor também. um pouco só de grito contido porque ando gritando porque preciso. e que em nessas cartas de mim para as minhas borboletas em overdose e minhas guelras em construção, diga que fui por aí, iemanjá. explode, corazon.

arte: 'Homem à flor da pele, em pleno outono', Susano Correia​

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