"...no desalinho triste das minhas emoções confusas..."






17/03/2011

O tempo sentiu inveja...


O mundo corria lento, não perdia um detalhe se quer da imensidão obscura que passava por um triz de mim. Era desconcertante o campo florido durante a chuva palpitante. Perdia rapidamente o poder do raciocínio com algumas melodias desafinadas do velho vinil empoeirado que tocava dentro do meu breve pensamento duvidoso. Sonhos se colidiam em minha mente calma e presa a alguns sentimentos não gravados. Era vontade. Vontade de sumir daquele cotidiano delicioso e monótono que tomava conta de mim cada vez mais. Queria fugir, descobrir, variar. Ir para uma outra órbita, um outro rumo, um outro planeta. Queria entrar em alguma mente alheia e desfrutar outros sentimentos. Queria sentir, estava insaciável por algum sentimento, qualquer sentimento que fosse. Queria estar novamente a beira da loucura lúcida, queria sentir as borboletas no estômago, as pernas inconsequentes. Faltava uma mudança, um desapego. E os desejos eram incontáveis, passavam milhares em segundos. Sempre passaram, mas sempre foram ignorados. Estes são como um vagão vazio, que talvez estivesse sem um corpo sobre ele por algum atraso valioso. Talvez a pessoa estivesse atrasada pelo fato de estar com os ponteiros atrasados, ou talvez, quem sabe, estivesse atrasada por estar ocupada sentindo as respirações sutis de alguém que a fez descobrir o que nunca ninguém havia conseguido explicar antes.
A água salgada que caía em minha boca me dizia que era passageiro tudo o que havia planejado. E de fato é, passa rápido. Quando eu menos ver vou ter abandonado milhares de desejos ocultos. Se essa mania estúpida e inútil que meu cérebro abriga não ser apagada, vou me ver aos poucos tornado uma muralha de sonhos perdidos. Não só a mim, a todos, sem excessão. Agir tornou-se um verbo claramente importante e essencial para minha felicidade.
O mundo corria contraditóriamente parado, não perdia um detalhe se quer da imsensidão obscura que estava grudada em mim. Mesmo que lento e constante, passava claramente rápido...

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