"...no desalinho triste das minhas emoções confusas..."






19/03/2012

Pedir as contas

A questão é que foi uma questão muito séria quando me perguntaram o que eu gostaria de fazer no final de semana. "Qualquer coisa", respondi, querendo dizer "fugir e sumir". Queria mesmo era sumir do mapa: do mapa dos meus pais, do mapa dos meus amigos, do mapa do meu quarto, do mapa do meu cotidiano. Queria era cortar todos os laços já criados e ter um colapso de amnésia. Ri ao perceber que minha fuga não tinha razão nenhuma, só um bocado de vontade, que me parecia - e parece, acho - suficiente pra pegar as sobras do dinheiro do lanche e comprar uma passagem só de ida com destino a Qualquer Lugar.
Ficar sozinho, ou como vocês chamam a solidão, é sempre um meio de se encontrar. É uma fuga e tanto... É um drama e tanto, né? Ah, vocês hoje em dia são tão dramáticos que mal percebem que fugir é só mais um ato que fazemos todos os dias... Como fugir de uma ligação, fugir de alguém, fugir de um sentimento, fugir de uma conversa...
Eu queria era mesmo fugir, mas fiquei com preguiça. Preguiça de simplesmente sumir sem deixar rastros. Fiquei também com medo; medo de sentir saudade e ter mais medo ainda de querer voltar atrás.
Só digo que um dia ainda fugirei: pra qualquer outra rua ou qualquer outra cidadezinha. E não levarei nenhum de vocês, a não ser um lápis e um caderno do pequeno pra escrever meus não-sei-o-que-distúrbios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário