"Pega a solidão e dança"

E a gente corre o risco de se perder quando não consegue acompanhar os passos. Mas eu estou tentando, juro que estou.
De manhã amanhecemos sutis e calmos, como a dança que o vento concede às flores no início do outono. Seguimos belos e não tão sincronizados, sempre girando em pequenos círculos. Pós meio-dia, dançamos uma dança livre; se eu quiser eu te acompanho, e se você quiser você me acompanha. Dançamos, então, sozinhos. E aí vai anoitecendo em degradê, nossos corpos já cansados começam a rumar direção nenhuma e tudo vai se embaçando, se embaçando, se embaçando... E diminuindo, e diminuindo, e diminuindo... E tudo fica por um triz.
E se eu, por um acaso, morasse numa caixa? E se essa caixinha fosse assim, bem pequena onde só eu coubesse? Meus pensamentos ocupariam quê lugar? A solidão que me ocupa, ocuparia a caixinha? O céu beijaria a lua? Eu beijaria quem? Dançaríamos?