"...no desalinho triste das minhas emoções confusas..."






13/06/2012

Buraco da porta

Vamos, meu bem, vamos fazer amor. Tu sabes que minha solidão te quer, tu sabes... Vamos lá, enquanto o céu nos testemunha lúcido e pleno. Enquanto o caos, o nosso caos, nos mente até que nossas almas se cansem. Jogue suas roupas no teto, não fuja. Venha com calma, sem medo... Venha como quando você veio pela primeira vez, como quando teu pêlo se juntou a minha barriga e nos tornamos um grito assustado no meio da lua.
Era lua cheia, lembra? Cheia como o nosso ego, cheio como o meu peito, que solta o ar com pressa, com aflição, com aspereza. E nossas línguas afiadas nos cortam todas as partes dos nossos corpos, do nosso corpo. E o breu bem abaixo de nós, e o mundo bem abaixo dos nossos olhos, com toda a sua nudez; éramos nós, despidos no chão de mármore, gemendo nossas tristezas empalhadas, descabelando as nossas dúvidas certeiras. Éramos nós, testemunhando em vultos toda a beleza e feiura do universo; testemunhando toda a falsidade e excitação daqueles que se amaram um dia.
Banal, fútil, frio. Frio como o meu corpo na laje, na boca do chão, na língua da chuva. Vem... Vem...

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