"...no desalinho triste das minhas emoções confusas..."






03/10/2012

Corroída

Como eu disse: as ruas vazias seguem cheias, e seu cheio segue com suas pessoas vazias, e suas pessoas vazias seguem com sua embriaguez, e sua embriaguez segue com seus valores esquecidos, e seus valores esquecidos habitam casas descascadas, que habitam mal odor e mal amor, que habitam o vazio, que habitam os bares e os bares que seguem para suas casas descascadas e sexo frio e tristeza fingida de satisfação [...] e a luz falha permanece fingindo ser um pisca-pisca, e o pisca-pisca permanece falho, e o falho permanece imperfeito, e imperfeição continua crua e nua.
E eu permaneço sem; numa depressão após a outra; num desejo e repressão intactos de tão mal acabados e a falta permanece com seu espaço vão. Permaneço sem pousar, sem poder ser alguma rua para que possa cuspir todo cansaço e vomitar todo o medo.

Eu permaneço igual, imutável, vazia, nada. Embora não vejas - pois nem eu mesma me vejo -, eu permaneço aqui, jogada na minha própria sina onde os cães e homens dormem, onde o sol costuma beijar a lua e a lua trair o lábio que a beija; onde ninguém escolhe se cai vivo ou morto, onde as garrafas de briga se estouram com força; onde os sonhos se perdem no meio de tantos sonhos.

Embora eu não me veja mais, eu permaneço aqui. A minha tristeza e vazio e sei-lá-o-quê permanecem iguais, embora estejam disfarçados; Acho que eu só me acostumei.

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