"...no desalinho triste das minhas emoções confusas..."






26/03/2013

A Caverna

- Entra aí, seu careta! - Caroline gritou, adentrando mais e mais na escuridão.
Não sei se respondi ou só pensei ter o feito, mas não havia mais importância depois do primeiro passo. Já não enxergava nitidamente, tudo era preto e meus óculos embaçavam por conta da respiração ofegante. Tateei pelo desconhecido musgoso e respirei a toda a umidade que meu pulmão não parecia suportar. Não parei, não.
- Toma aí, abre essa boca! - cochichou ansiosa.
- Quê? - senti seu fino dedo penetrar rápida e vagarosamente na minha boca. Senti um conteúdo pequeno palpitando minha língua.
- Não engole não! - aumentou o tom de voz, como quem alertava um bebê para não colocar o dedo na tomada. Fiquei quieto, não ousaria perguntar o que era, a razão era o próprio medo que já não deixava meus batimentos cardíacos em paz. Caroline soltou uma risada despreocupada, pediu para que engolisse o conteúdo e que não parasse de andar.
- O que está acontecendo comigo? - perguntei, com as mãos latejantes.
- Você está indo para fora de sua mente...
- Hã? - balbuciei... e adormeci.

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