"...no desalinho triste das minhas emoções confusas..."






13/10/2013

Chama-se melancolia quando me impossibilitam os desejos; quando faltam-me os desejos. Momentos estes onde o único a me tatear é o vento, que congela a palidez facial e o resseco do lábio na urgência de um degelo descontrolável; quando o inspiro não é parte da inspiração mas sim da respiração automática e o calor que se aquece com cobertas de solidão e desamparo daquilo que não tem amparo.
Chama-se melancolia a dor de existir. Por incoerência e teimosia, as ondas competem desesperadas com o pôr-do-sol, qual é traído pela cara-metade, fina ou gigante, acima das incontáveis minúcias testemunhas que, por descaso, se desmancham à redenção. Reflito aquilo que chama-se melancolia, mas não a invado, nem sou invadida. Olho-a, estranho-a, aceito-a. Sombreando sombras como quem cava um buraco a buscar o tesouro dos tesouros - a conformação de habitar a eterna sala de espera -, sigo pelo estreito da insuportável, porventura maravilhosa, existência. Emito sons ao oco dos meus átomos grudados e busco um fio de luz que me excite os fragmentos da alma. Não sinto medo, caminhamos lado a lado; somos o mesmo pedaço desse enorme intrigante segredo que é existir.
É difícil controlar ou contornar aquilo que se chama melancolia ou perceber o que dói ou não. Por isso, ou talvez exatamente não por isso, chama-se incerteza a delícia que é existir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário