"...no desalinho triste das minhas emoções confusas..."






04/09/2014

Viagens Pelo Reino das Delícias - I

Pensariam vocês que a solidão me habitava, ou então que habitava a solidão. A verdade é que ainda estava a descobrir esse segredo das concretizações. Essas veredas por quais venho constantemente caminhando, tornaram-me tão viva quanto a própria vida. Ultrapassar o corpo físico tornou-se um incansável vício. Quando descoberto aquilo que nos causa prazer, não há outra coisa qual nos satisfaça. Não o fim, mas o meio em si, já realiza sensações mirabolantes e atiçantes.
A descoberta que fiz aconteceu há um tempo. Layla e os outros protagonistas da maravilhosa aventura imortal ainda não haviam sido tocados antes por mim. Eis que como a mim, o Big Bang, Jesus, Buda, Alá, os pais e a cegonha e outros seres apocalípticos não existiam. Digo, eu os inventei; eu me inventei. Eu mal existo, ouso dizer. Esse papel qual escrevo é igualmente inexistente assim como a caneta, a coordenação motora e a criatividade. Estou só (se é que estou em algum lugar realmente).
Descobri-me rainha de tudo. De mim, de você, daqueles ali. Das amebas, dos átomos, dos planetas. Era como se meu corpo não pudesse aconchegar nada mais que a própria vontade e as próprias vontades nunca pudessem ser supridas totalmente. Não era fácil, poderia explodir ou implodir a qualquer segundo e algo precisava ser feito porque era esplêndida fantasia do mundo.
Eis que aqui estou: ligeraimente viva, como uma piscadela perigosa dada pelo marido à outra moça na mesa ao lado, como na velocidade da luz (ou até mais rápida que esta). Decidi, no entanto, há pouco tempo que deveria existir algo mais que o mundo urbano e seus vícios desinteressantes, quais cansei de conviver. Aliás, é necessário dizer que as coisas que crio têm vida própria: inventam-se também. Descobri em meus sonhos novas direções para as veredas... e estas, ah, estas estão sendo de magnética fluída a morfina.

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