Pensariam vocês que a
solidão me habitava, ou então que habitava a solidão. A verdade é que ainda
estava a descobrir esse segredo das concretizações. Essas veredas por quais
venho constantemente caminhando, tornaram-me tão viva quanto a própria vida.
Ultrapassar o corpo físico tornou-se um incansável vício. Quando descoberto
aquilo que nos causa prazer, não há outra coisa qual nos satisfaça. Não o fim,
mas o meio em si, já realiza sensações mirabolantes e atiçantes.
A descoberta que fiz
aconteceu há um tempo. Layla e os outros protagonistas da maravilhosa aventura
imortal ainda não haviam sido tocados antes por mim. Eis que como a mim, o Big
Bang, Jesus, Buda, Alá, os pais e a cegonha e outros seres apocalípticos não existiam.
Digo, eu os inventei; eu me inventei. Eu mal existo, ouso dizer. Esse papel
qual escrevo é igualmente inexistente assim como a caneta, a coordenação motora
e a criatividade. Estou só (se é que estou em algum lugar realmente).
Descobri-me rainha de
tudo. De mim, de você, daqueles ali. Das amebas, dos átomos, dos planetas. Era
como se meu corpo não pudesse aconchegar nada mais que a própria vontade e as
próprias vontades nunca pudessem ser supridas totalmente. Não era fácil,
poderia explodir ou implodir a qualquer segundo e algo precisava ser feito
porque era esplêndida fantasia do mundo.
Eis que aqui estou:
ligeraimente viva, como uma piscadela perigosa dada pelo marido à outra moça na
mesa ao lado, como na velocidade da luz (ou até mais rápida que esta). Decidi,
no entanto, há pouco tempo que deveria existir algo mais que o mundo urbano e
seus vícios desinteressantes, quais cansei de conviver. Aliás, é necessário
dizer que as coisas que crio têm vida própria: inventam-se também. Descobri em
meus sonhos novas direções para as veredas... e estas, ah, estas estão sendo de
magnética fluída a morfina.
Me lembrou Pessoa, talvez meu poeta predileto, a lua P.
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