Num distúrbio vestido de
pesadelo, me senti pesada e não mais flutuando pela leveza dos sonhos. Rígida,
franzi a testa de maneira a quase soluçar pelas pálpebras. De súbito, abri os
olhos. Fiquei intacta por algum tempo, com suspeita de ainda estar em transe. O
dia ainda não raiava, mas já sentia o frescor da grama que carinhosamente me
espetava as costas. Não sei, mas parecia ter feito amor com as flores durante a
madrugada, pois acordara florida e desgranhada como os arbustos.
Em sintonia com o Sol
que, com pressa, mas sutil, abria as cortinas de seu show, que com raios
pequenos tornava-se grandioso, me levantei. Meus pés estavam sujos de terra,
deixando seus rastros pelo caminho de casa e em seu próprio chão. Tomei a
pequena Íris e fui passar o café, que, passado, começou lentamente escorrer
pela minha mão junto ao resto do mundo. Transbordei-me de mim e de todo o resto;
transbordei todas a energias e todas as imaginações que passavam como luz pelas
ondas de frequência. Desaprendia os limites: aos poucos, estava tudo a meu
alcance.
Fui a procura de Layla
dançando num pé só (ou com todos os outros pés). Ritimada a risos, a avistei
acordada, linda e amada. Molhei os dedos em tinta e retoquei seus esboços
transcendentais. Coroei-me Rainha de mim e de meu solene reino; emanei todas
minhas forças, quaisquer que fossem, e saí pelo Universo das flores em busca de
aventura.
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