"...no desalinho triste das minhas emoções confusas..."






25/01/2013

Minucia

- Essas flores que você comprou... Ha, são lindas!
- De quais flores está falando? - perguntava, mastigando o que restava dentro de mim.
- Ali! Haaaa, tão belas! - seu tom de voz aumentava, sua risada rolava. De flores não sabia quais, mas rendi-me ao riso leve e despido.
- Onde a gente tá? - ainda ríamos.
- Nas flores, princesa! - me olhava com seus grandes olhos redondos; pupilas colidindo e explodindo. - Azul, amarela, vermelha! Haaaa! - seus dedos corriam para me contornar, seu dedinho escorria sobre minha calcinha. - E uma roxa, bem aqui! - disse, pressionando um pedaço de seu pano, que continha em minucia uma flor roxa.
Em retrô e poesia erótica (erótica poesia, se bem assim é), seu corpo derretia junto ao chão. Espatifados e enrolados, nos misturávamos às luzes exclamadas de algum lugar ao Sul. A terra molhada nos conhecia tão mais que nós mesmos (que nos conhecíamos por tão pouco e não por nome). Nunca mais nos veríamos, nunca mais seríamos dois corpos deitados em algum lugar de Algum Lugar do Mundo e muito menos dois corpos; mas o Ali e o Agora e toda a beleza por detrás disso nos dizia para não termos pressa... nos dizia para guardarmos este pequeno e frágil segredo de nós mesmos e protegermos esse suor do mundo. O Ali e o Agora seria para sempre nosso... e só.

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